Se revela, mas reinventada aquela pulsação que vem quase tão intempestiva como um choque térmico. Na verdade, é choque também, mas de realidade.
O novo e por enquanto mais bonito, assume o espacinho pra mais tarde virar como disse Leminksi, em raiva ou em rima. Mas que por enquanto é só bonito, e não tem pressa de ser mais nada.
É peito que acalenta, sorriso que aumenta, abraço que guarda. Não escuda e nem protege com tanto afinco, pois ainda tem muito a conhecer.
É como aquela passagem do estado de disponibilidade que se experimenta ao escutar uma música e não ter alguém de quem lembrar, pra de repente encaminhar-se o preenchimento mansinho.
Com a lentidão que o que é sentido deve ocupar.
É o tipo de saudade que evoca tranquilidade pelo reencontro casual, até o naturalizar, transferir, somar.
Só o que não foi esquecível, é possível transformar no continuado, que então não vai ser mais passageiro, ou casual. A segurança do experimentar sem a brevidade do julgar, é o que acomoda sem intenção, porque as doses a gente nunca sabe.
As roupas pra ceder ás vezes não servem, ou não agradam. Mas não são só essas coisas que você vai guardar lá.
No baú não se guarda só o que não tem mais serventia ou o que não tem previsão de uso. Tem baú que guarda riqueza que a gente nem capaz de perceber é, e sente todo dia. Ou que começa a sentir e se surpreende.
Se for pra se tornar relíquia, vai ser mais tarde. O importante é deixar que por enquanto seja novidade. Vai lá e guarda. Abre o teu baú de coisa nova, que acumular aos pouquinhos não é problema. Depois você faz o juízo.
Quando não for mais tão novo, da calma e da felicidade de acomodar pra ficar, ou do aprendizado de separar pra pôr fora, você não vai se arrepender.